domingo, 29 de setembro de 2013

Antes de chegar lá



Nunca gostei do ponto B. Esse é meu motivo mais forte para não trabalhar com Coaching. A turma do Coaching trabalha maravilhosamente bem com o pessoal que está no ponto A e quer chegar ao B, mas o meu problema sempre foi: não ter o ponto B.  Tenho certeza que se eu tivesse um ponto B em mente, o trairia antes de chegar lá.  Me apaixono pelas paisagens imprevisíveis que encontro no caminho e dependendo da intensidade, elas tem o poder de mudarem muita coisa em mim, até mesmo a rota. E como confio na Vida, deixo-a me levar.  Planejar o desconhecido nunca me foi atrativo. Porém, viver assim, tomando decisões no meio da caminhada sem saber para onde estou indo me pede muita reflexão e estômago para manter a calma no meio do caos.
O poeta e compositor americano Shel Silverstein criou a palavra “Tesarac” para descrever aqueles períodos de transição da história em que ocorrem mudanças sociais e culturais muito significativas. Durante esses períodos, a sociedade fica confusa e caótica, aparentemente perdida, até conseguir se reorganizar novamente. O período é caótico porque durante a transição de um período para outro, conseguimos enxergar o que não faz mais sentido, mas não conseguimos enxergar o que fará sentido. Aconteceu assim na passagem do sistema feudal para o industrial e agora estamos mudando novamente, só que da sociedade industrial para a sociedade de serviços.  
Mas o que quero mesmo tratar aqui é da “nossa” Tesarac individual, os nossos momentos de transição, de um emprego para outro ou de um relacionamento para outro, lembrando que a transição vem antes desse outro chegar, e por isso nos sentimos perdidos no meio do nada, com aquele vazio angustiante.
Mas tenho ouvido muitas coisas interessantes que estão me fazendo valorizar e olhar com outros olhos esse momento, que aliás, o budismo chama de “Bardo”, bar significa “entre” e do significa “suspenso”, “ilhado”.
Uma sábia amiga me disse que esse vazio pode ser muito produtivo. Assim como a gestação de uma vida se dá no espaço vazio do ventre e é ocupado pela criação a partir de um encontro.  
Encontros que tenho no meio do caminho precisam de espaço para florescerem. Se eu estiver com a cabeça ocupada demais com minhas crenças e certezas planejadas, não há fecundação do encontro, não nasce uma vida nova.
Fiquei feliz esta semana por ver duas reportagens em revistas diferentes abordando o assunto, tratando das mudanças na Carreira como algo natural, próprio da evolução da nossa caminhada e da importância de fazermos boas transições, porque quando mal feitas, nos causam cansaço e estresse. E de gente cansada e estressada o mundo já está cheio. Precisamos inovar na nossa forma de viver, trabalhar, amar, porque do jeito que está não dá mais, já era. O que irá nascer ainda não sei, mas sei que está sendo gerado.
Fernanda Noronha
Psicóloga

domingo, 22 de setembro de 2013

ENCONTRANDO NEXO NO TRABALHO





Excesso de opções de fornecedores, de cursos de pós graduação, abundância de informações, velocidade exacerbada na tomada de decisões , pulverização de poder nas decisões, somadas com a maneira  fragmentada como nossa sociedade trata o conhecimento , torna o nosso cenário atual,  ambiente ideal para o enfraquecimento e degeneração do nexo – ligação, conexão entre acontecimentos, contextualização e integração da atividade profissional em um conjunto que lhe dê sentido.
Gosto de descobrir conceitos que representem algo que eu já havia percebido mas não sabia o nome que tinha. Minha mais nova descoberta foi o conceito de Nexialismo.
Temos no mercado uma abundância de especialistas prontos para defender com unhas e dentes a eficiência de sua ferramenta e sem a menor noção ou vontade de avaliar a importância relativa das alternativas. São pessoas cheias de certeza sobre o que sabem e nenhuma boa vontade, ou até interesse sobre o que desconhecem.
O problema da fragmentação do conhecimento é que ela produz profissionais com um modo de pensar mutilado que conduz a ações mutilantes, seja na empresa, no poder público ou na comunidade .
Um político não pode reduzir sua visão a estatísticas e pesquisas de opinião, um médico não pode tratar apenas um órgão doente isolando-o do paciente. Um empresário não pode apenas se aprimorar em técnicas de vendas. Os problemas que surgem em nosso dia-a-dia clamando por soluções , trazem na sua complexidade várias áreas do saber e não apenas uma.
Faltam no mercado, e isso já começa a ser anunciado, profissionais com uma visão do todo, sinérgica, que não significa apenas ser generalistas. Especialistas e generalistas vão continuar existindo. Mas esse novo profissional, chamado de Nexialista é o que encontra nexo entre as partes, que é isento de preferências metodológicas, o que lhe permite ter ideias e buscar soluções integradoras de múltiplas ferramentas e múltiplas abordagens, sem peso específico ou ênfase preconcebida a nenhuma delas.

Não é apenas uma questão de conhecimento ou experiência, como aborda Walter Longo em seu livro O Marketing na era do Nexo. “É uma questão de ótica e de ética. Ótica de enxergar o todo, e não apenas as partes, e ética de ter a coragem de recomendar a solução ideal, e não apenas aquela que interessa a si mesmo, comercial ou profissionalmente falando”. 
Ahhh quanto desperdício poderia ser evitado e quanto resultado poderia ser obtido se as pessoas pensassem no todo e vissem a floresta e não apenas as árvores... O jeito é contagiar novos adeptos. Ajude a espalhar essa ideia!